Mobilização Ambiental (interpessoal clássico)
No ano de 1998, a FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente implementou o Projeto de Educação e Mobilização Ambiental da Bacia do Rio das Velhas. Devido ao estágio avançado de degradação em que se encontrava, a bacia foi considerada prioridade nos programas ambientais do Estado de Minas Gerais, que já estava desenvolvendo o Prosam, Programa de Saneamento Ambiental das Bacias do Ribeirão Arrudas e do Onça.
No entanto, era claro o diagnóstico de que nenhuma ação ou programa surtiria efeito sem o envolvimento, a participação e o compromisso dos cidadãos e das comunidades, no sentido de adotarem para si a tarefa de defender e preservar o meio ambiente. Dessa forma, o desafio da FEAM era mobilizar, por meio de várias ações, entre elas a comunicação, o maior número possível de cidadãos em torno dos objetivos do projeto.
Para conhecermos melhor a realidade daquelas localidades e suas populações, realizamos pesquisas com a população da Bacia do Rio das Velhas sobre percepção e comportamento ambiental, sobre o Prosam e sobre a própria bacia. De posse de um extenso levantamento de informações, que contemplou a análise das pesquisas e exame de inúmeros trabalhos de educação ambiental e mobilização social, elaboramos um completo planejamento estratégico de mobilização e comunicação social.
Pelo fato de o Projeto estar voltado para um público amplo e heterogêneo, definimos como estratégia básica uma segmentação criteriosa de públicos, de modo a gerar maior abrangência e penetração da mensagem.
Através da mídia eletrônica e da publicação de diversas peças gráficas que tratavam das questões ambientais da bacia – para informar e conscientizar o público, além de gerar o material técnico necessário ao processo de mobilização – desenvolvemos quatro campanhas de comunicação que se uniam sob um único conceito: RIO DA VELHAS VIVO. VOCÊ PODE, VOCÊ FAZ.
A linha da campanha seguiu os preceitos de “autonomia, intencionalidade, resultado, rede de pessoas, ação local e inclusão” que normalmente regem os processos de mobilização. Uma marca forte foi criada e, para atingir um grande público, foi produzido um VT de um minuto, com forte apelo de imagens de pessoas se mobilizando pelas águas. Centrado na sensação humana e concebido para ser veiculado em emissoras de televisão e em cinemas, o filme se destinava a estimular a participação da população na recuperação e preservação do Rio das Velhas.
Como parte da campanha educativa para os mobilizadores e os mobilizados, foi distribuído um kit com cartilhas e outras peças de caráter didático-pedagógico que forneciam informações sobre os problemas e soluções para a água, a poluição, o lixo, o solo, etc. Uma novidade para esse tipo de iniciativa foi a segmentação dos públicos-alvo, com peças de comunicação de massa para adultos e adolescentes, como 4 cartazes, 5 cartilhas e 1 folder, além de outras específicas para o público infantil, de caráter lúdico, distribuídas em toda a rede escolar. Destaque para a peça Jogo do Velhas, uma nova e interativa forma criada para falar com o jovem, integrando-o em um jogo que percorre a Bacia do Rio das Velhas, numa disputa pelo saber a respeito das questões ecológicas, da própria bacia, do Prosam e de temas relacionados à preservação do meio ambiente.
Como última parte do planejamento, uma campanha institucional foi desenvolvida com a produção de um documentário, uma revista e um encarte. A campanha tratou da gestão ambiental da Bacia do Rio das Velhas e do Prosam tomando a Agenda 21 como referência.
Visando à melhor aplicação do material produzido, de forma a dar suporte técnico às ações de educação ambiental, uma equipe foi especialmente treinada para atuar na mobilização comunitária. As atividades ocorreram nos 14 municípios-polo da Bacia do Rio das Velhas com a utilização de volantes, banners e uma novelinha para carros de som.
Tais ações tiveram como objetivo a preparação de lideranças locais que atuariam como multiplicadores do processo, estimulando o envolvimento e a participação ativa das comunidades. Foram realizados ainda 17 encontros comunitários, que contribuíram para que a tomada de consciência promovida pela campanha educativa resultasse em ações concretas por parte da população.
O Projeto obteve excelentes resultados, tanto imediatos como de longo prazo. Mais de cinco mil pessoas compareceram, na época, aos vários encontros comunitários promovidos pelo projeto. A partir disso, vários projetos de preservação ambiental, ainda hoje existentes, foram iniciados pelas próprias comunidades. Noventa e cinco por cento da população dos 52 municípios que envolvem a Bacia do Rio das Velhas teve amplo contato com novos conceitos de mobilização e preservação do meio ambiente implantados pelo projeto.
Todas as escolas existentes nesses municípios receberam o Jogo do Velhas e as cartilhas sobre problemas ambientais e suas soluções, que passaram a fazer parte do material didático cotidiano.
Até hoje, os grupos mobilizados pelo projeto desenvolvem novas ações ambientais na Bacia do Rio das Velhas, em parceria com o Movimento da Cidadania pelas Águas e a Fundação Onda Viva.