Mobilização Digital e Participação Popular
No ano de 2006, a Prefeitura de Belo Horizonte lançou o seu primeiro Orçamento Participativo Digital. Depois de mais de 15 anos de experiência, no modelo tradicional-presencial, a administração da capital mineira deparou-se com uma situação inusitada: apesar do grande sucesso do OP, o seu público não ultrapassava 22 mil cidadãos ao ano, contingente muito pequeno para uma metrópole com mais de 2,5 milhões de habitantes.
A percepção da PBH era que deveria ampliar este público para que o programa pudesse se perenizar para gestões futuras. E a única forma seria levá-lo para o ambiente virtual, na web.
Concomitante ao advento das mídias sociais, a internet já estava bastante presente na vida do brasileiro. O nosso objetivo, quando assumimos a gestão de comunicação da PBH, foi empreender uma verdadeira mobilização digital. “Pescar onda está o peixe”. Buscar o público digital onde ele se encontrava.
Usamos como apoio as mídias eletrônicas, com bastante ênfase no rádio, com a escalação de um de seus personagens mais populares: o locutor Tiago Reis, notabilizado pelo jargão “seu nome, seu bairro”, na jornada esportiva da Radio Itatiaia. Ele ancorou programetes de rádio veiculados na emissora de maior audiência do dial mineiro; além de Podcasts e peças interativas. Utilizamos também como argumento para a mobilização digital o fato de ser o primeiro OP Digital do mundo. Pode se orgulhar!
Naquela votação de 2006, cada região administrativa da cidade possuía quatro opções de obra, e o eleitor deveria escolher uma. Logo, foram 36 opções possíveis para 9 obras a serem escolhidas no final do processo. E com algumas pequenas diferenças, o processo foi replicado em 2008, também com grande adesão e sucesso de público.
Os resultados mostram o tamanho da interação do cidadão com o programa: o Orçamento Participativo Digital engajou 9% dos eleitores da cidade nas votações de 2006 e 2008. Mais de 300 mil pessoas participaram dos Orçamentos Participativos Digitais naquele período, envolvendo mais de R$ 70 milhões em obras a serem construídas. Isso demonstra a força da utilização de tecnologias e comunicação nos processos de gestão pública.